- Área: 379 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Da Cruz Photo
Descrição enviada pela equipe de projeto. Numa verdadeira interpretação e fusão equilibrada da Arquitectura Mediterrânea Moderna com referências de Arquitectura Cubista Portuguesa, localizado na Quinta dos Salicos, Carvoeiro, Algarve, uma composição de volumes puros, brancos e minimalistas cumpre no seu interior a função de uma casa familiar contemporânea. Inspirada num desenho orgânico, o volume principal (trapezóide) da habitação segue a própria forma do lote enquanto direciona as suas diferentes fachadas para as vistas mais agradáveis e dotadas de sol, numa relação, visual e física, constante entre o interior e o exterior (fusão natural).
Linhas rectas puras, cor branca uniforme, coberturas planas (com terraços acessíveis) e volumes definidos por ângulos irregulares, determinados pela sua relação entre luz e sombra, definem o conceito do objecto arquitectónico. Ao optimizar as condições do clima através da iluminação e ventilação natural, o objecto transmite também uma preocupação ecológica (princípios de climatização passiva).
Tanto no piso térreo como no primeiro piso a fachada a norte contrasta com as restantes pela sua aparência pura, quase ausente de vãos. As restantes, orientadas para variados ângulos e com generosos panos envidraçados, oferecem uma relação permeável entre a habitação, os terraços e a paisagem envolvente. Deste modo, o interior da casa e sua vivência nunca se isolam da paisagem que as rodeia. Descobrir os espaços interiores é também descobrir as vistas exteriores. O programa, dividido em três níveis, resolve a garagem, arrumos, áreas técnicas, cinema e ginásio na cave, aproveitando o perfil natural do terreno.
Ao nível do piso térreo encontram-se as áreas sociais, onde a cozinha e a zona social de estar se fundem física e visualmente, comunicando através de grandes vãos, com um terraço a poente e com o terraço principal, contíguo à piscina (orientado a sul/poente).
A poente, uma área mais privada contempla um quarto de hóspedes (com instalação sanitária) e um espaço multifuncional (quarto/escritório/biblioteca).
A laminada e esbelta escada metálica, esculpida em contraste com o branco, relaciona o carácter social do piso térreo com o mais privativo do primeiro piso. Neste último desenvolvem-se duas suítes, uma delas de hóspedes, ambas com terraços privados direccionados a sudoeste e noroeste, rodeados por vistas de campo, montanha e mar. Como pano de fundo a estas paisagens: o erguer e pôr-do-sol.
No exterior, uma ideia de unir a morfologia irregular do volume à pendente natural do terreno deu origem às duas plataformas onde se situam o terraço principal e a piscina. A primeira, ao nível do piso térreo, recebe o terraço principal orientado a sul/poente. A segunda, a um nível inferior, recolhe o tanque colector e sistema de overflow da piscina, ao mesmo tempo que estabelece uma transição para a frente ajardinada (a sul).
Nesta zona de traçado orgânico, seguindo a linguagem arquitectónica da moradia, o conceito de um jardim seco Mediterrâneo, com reduzido consumo de água e manutenção, foi aplicado, respeitando o perfil natural do terreno e ladeado por trilhos de gravilha branca, pontuados por oliveiras e pequenas árvores de fruto, envoltas por casca de pinho, reforçando assim a paisagem algarvia envolvente. Também presente nas circulações e acessos exteriores está o respectivo conceito minimalista, inspirado por materialidades portuguesas, onde se pode verificar o uso de calçada para delinear os caminhos.
A casa divide-se assim entre ‘dois mundos’. Um ‘primeiro mundo’ mais opaco e secreto, a norte (entrada), onde se desenvolve a descoberta dos espaços pelos planos que os rodeiam, como muros de um labirinto; e um ‘segundo mundo’, dinâmico, aberto, fluído e em constante comunicação com as zonas exteriores (terraços e piscina) e a sua envolvente (jardim e paisagem natural).